O anime Nana de 2006 produzido pela Madhouse, baseado no mangá homônimo de Ai Yazawa. Com uma única temporada de 47 episódios (dividida em arcos narrativos), o anime Nana é uma obra-prima do gênero josei, explorando as complexidades da vida adulta através das lentes da música, do amor e da amizade. Ambientada no vibrante cenário punk-rock de Tóquio, o anime Nana segue a vida de duas jovens mulheres com o mesmo nome, cujos caminhos se cruzam e se entrelaçam de maneiras transformadoras. Esta resenha detalha a narrativa, os personagens, a trilha sonora e o impacto cultural de Nana, destacando sua relevância duradoura.
Temporada Única (2006-2007): Uma Jornada de Conexão e Conflito
Narrativa
Nana acompanha duas protagonistas: Nana Komatsu, uma jovem romântica e impulsiva que se muda para Tóquio em busca de amor e independência, e Nana Osaki, uma vocalista carismática e determinada de uma banda punk chamada Black Stones (Blast). As duas, ambas com 20 anos, se conhecem por acaso em um trem rumo à capital e, posteriormente, tornam-se companheiras de apartamento. A narrativa alterna entre as perspectivas de ambas, explorando suas lutas pessoais, relacionamentos e aspirações.
A temporada é dividida em arcos que cobrem aproximadamente os primeiros 20 volumes do mangá. A história começa com um tom leve, focando na amizade improvável entre as Nanas, mas gradualmente se aprofunda em temas mais pesados, como dependência emocional, traição, fama e os custos do sucesso. A narrativa é estruturada como um flashback, narrado por uma Nana mais velha, o que adiciona uma camada de melancolia e mistério sobre o destino das protagonistas.
Os arcos principais incluem:
Início (Episódios 1–10): Apresenta as Nanas, suas origens e a formação de sua amizade. Nana Komatsu lida com relacionamentos instáveis, enquanto Nana Osaki tenta relançar a Blast após deixar sua cidade natal.
Ascensão da Blast (Episódios 11–25): A banda de Nana Osaki ganha popularidade, mas tensões internas e rivalidades com a banda Trapnest, liderada por seu ex-namorado Ren, complicam sua vida. Nana Komatsu enfrenta dilemas amorosos, incluindo um triângulo com Shoji e Takumi.
Conflitos e Revelações (Episódios 26–47): A fama traz consequências para a Blast, enquanto Nana Komatsu lida com escolhas difíceis em sua vida pessoal. A amizade das Nanas é testada por ciúmes, mal-entendidos e pressões externas. O final deixa muitos fios narrativos abertos, refletindo a interrupção do mangá devido à saúde de Yazawa.
A narrativa se destaca por sua autenticidade emocional, retratando as protagonistas como mulheres complexas com falhas e forças. A ausência de um final conclusivo, embora frustrante para alguns, reforça o realismo da série, sugerindo que a vida continua além do que é mostrado.
Personagens
Nana Komatsu (Hachi): Apelidada de “Hachi” (cachorrinho), ela é ingênua, dependente e movida pelo desejo de ser amada. Seu arco explora o crescimento doloroso de uma jovem que busca equilíbrio entre seus sonhos e a realidade.
Nana Osaki: A vocalista feroz da Blast é independente, mas carrega cicatrizes de um passado difícil. Sua determinação e vulnerabilidade a tornam uma figura magnética.
Ren Honjo: O guitarrista da Trapnest e ex-namorado de Nana Osaki. Sua relação com Nana é marcada por paixão e tragédia.
Takumi Ichinose: O carismático, mas manipulador, líder da Trapnest. Sua relação com Hachi é complexa, misturando atração e toxicidade.
Personagens Secundários: Shin, o jovem baixista da Blast com um passado conturbado; Yasu, o baterista maduro que atua como pilar emocional; e Reira, a vocalista da Trapnest, cuja fragilidade contrasta com sua fama, adicionam profundidade à história.
Os personagens são o coração de Nana. Cada um é multidimensional, com motivações e falhas que os tornam humanos. A amizade entre as Nanas é o fio condutor, mas os relacionamentos românticos e as rivalidades musicais criam um mosaico rico de emoções.
Trilha Sonora
A trilha sonora de Nana é um dos seus maiores trunfos, capturando a essência do punk-rock e da cultura jovem dos anos 2000. As músicas da Blast, cantadas por Anna Tsuchiya (como “Rose” e “Kuroi Namida”), são cruas e cheias de energia, refletindo a intensidade de Nana Osaki. A Trapnest, com vocais de Olivia Lufkin (como “A Little Pain” e “Wish”), tem um som mais polido e melódico, contrastando com a estética da Blast.
As aberturas (“Rose” e “Wish”) e encerramentos (“A Little Pain” e “Starless Night”) são icônicas, com letras que ecoam os temas de amor e perda. A trilha de fundo, composta por Tomoki Hasegawa, mistura rock, baladas e tons melancólicos, reforçando a atmosfera emocional. As performances musicais, animadas com detalhes realistas, como os movimentos de Nana no palco, elevam a imersão.
Impacto Cultural
Nana teve um impacto profundo na cultura pop, especialmente entre o público jovem adulto. Lançado em um momento em que o josei ainda era raro no anime, a série abriu portas para narrativas maduras centradas em mulheres. Sua representação realista de relacionamentos, incluindo temas como infidelidade e gravidez não planejada, ressoou com espectadores que buscavam histórias mais complexas.
A trilha sonora foi um sucesso comercial, com álbuns de Anna Tsuchiya e Olivia Lufkin alcançando altas posições nas paradas japonesas. A série também impulsionou a moda punk-rock, com fãs imitando o estilo de Nana Osaki, como jaquetas de couro e maquiagem dramática. Locais de Tóquio, como o apartamento das Nanas e clubes de shows, tornaram-se pontos de peregrinação para fãs.
Globalmente, Nana conquistou um culto de seguidores, com exibições em festivais de anime e adaptações para filmes live-action (2005-2006). Sua influência é vista em animes posteriores que exploram temas adultos, como Given e Fruits Basket.
Impacto Geral e Legado
Nana é uma obra atemporal que captura as dores e alegrias da juventude com uma honestidade brutal. A direção de Morio Asaka, combinada com a animação expressiva da Madhouse, cria um mundo vibrante e emocionalmente envolvente. A narrativa, embora inconclusiva devido à pausa do mangá, é poderosa por sua recusa em oferecer respostas fáceis, refletindo a complexidade da vida real.
A trilha sonora permanece como um marco na música de anime, com canções que continuam populares em plataformas de streaming. Culturalmente, Nana elevou o gênero josei, mostrando que histórias sobre mulheres adultas podem ser tão cativantes quanto shonen ou shoujo. Sua representação de amizade feminina, com todas as suas alegrias e tensões, é um dos pontos mais celebrados.
Para os fãs, Nana é mais do que um anime; é um espelho das lutas e sonhos da vida adulta. Mesmo sem um final definitivo, a série deixa uma marca indelével, lembrando-nos do poder da música e das conexões humanas em meio ao caos. Sua relevância, quase duas décadas após o lançamento, comprova que Nana é uma obra-prima do storytelling emocional.
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